
Por Jane Gonçalves, gerente técnica VLN Feed
A avicultura brasileira é destaque no cenário mundial, seus dois principais ingredientes na alimentação de frangos de corte e poedeiras são o milho e farelo de soja e a preocupação quanto à qualidade de ambos é inevitável, pois influenciam diretamente no desempenho do animal, ganhos ou perdas econômicas e a qualidade do produto final (carne e ovos).
Para que a proteína vegetal contribua de forma efetiva na nutrição avícola é necessário estar atento a qualidade da matéria prima e armazenamento. Isso porque as micotoxinas, moléculas biologicamente ativas com baixo peso molecular resultantes do metabolismo secundário de algumas espécies de fungos filamentosos, são tóxicas aos animais vertebrados após sua metabolização no sistema hepático, e por isto ganham cada vez mais destaque nos estudos e controle.
Inimigo oculto das granjas, sua produção pode ocorrer durante os processos de maturação, colheita, secagem e estocagem, em condições ambientais ideais como umidade acima de 13% e temperatura entre 25 e 30ºC. São divididas em três grandes grupos: aflatoxinas, produzidas por alguns fungos do gênero Aspergillus; as ocratoxinas, produzidas por algumas espécies do gênero Aspergillus e Penicillium; e as fusariotoxinas contendo nesse grupo os tricotecenos, zeralenona e as fumonisinas, produzidas por algumas espécies do gênero Fusarium.
Os efeitos causados pelas micotoxinas na avicultura são diversos e variam de acordo com cada micotoxina (principais aflatoxinas e fumonisinas) e agravado com a quantidade ingerida pelo animal, determinando quedas no desempenho zootécnico, problemas hepáticos e renais e comprometimento do sistema nervoso central e periférico.
Um bom exemplo disso são as aflatoxinas. Elas apresentam alta absorção pelo trato digestório acarretando em lesões hepatotóxicas (o fígado pode ter um grande aumento em seu tamanho, alteração de coloração para amarelado e seu tecido pode ficar friável), podendo também provocar problemas renais, no baço, bursa e timo, além de ter caráter imunossupressor, sendo que os danos levam a queda nos índices zootécnicos do animal acarretando em perdas econômicas na produção. Os sintomas aparentes gerados pela aflatoxinas são: apatia, anorexia com baixa taxa de crescimento, piora na conversão alimentar, decréscimo no ganho de peso, má qualidade da carcaça, aumento na incidência de ovos com sangue, diminuição na produção e peso dos ovos, aumento da susceptibilidade aos desafios ambientas e microbiológicos, quadros hemorrágicos, embriotoxicidade, problemas de calcificação e elevação nas taxas de mortalidade.
É importante mencionar que as aves podem ser mais ou menos sensíveis à toxidade gerada pelas aflatoxinas, uma sensibilidade que varia de acordo com sexo, idade e quantidade de nutrientes da dieta. Normalmente machos apresentam maior susceptibilidade que as fêmeas, e animais mais jovens são mais afetados que os adultos.
Para efeito de elucidação, o consumo de dietas contaminadas em frangos de corte o aparecimento dos sintomas de aflatoxicose aguda ocorre 24 horas após a ingestão, nas poedeiras os sintomas em relação à produção demoram um período maior, alguns dias ou semanas, mas antes de ocorrer uma queda imediata na postura, ocorre queda nos teores de lipídeos e proteínas dos ovos.
As fumonisinas, de maneira geral, causa efeitos neurotóxicos, nefrotóxicos, edemas pulmonares e cerebrais, hepatotóxicos e lesões cardíacas afetando principalmente: cérebro, pulmão, fígado, rins e coração dos animais contaminados. Estes efeitos negativos nos índices zootécnicos das aves ocasionam perdas e compromete toda a cadeia produtiva de carne de frango, tanto na diminuição da produção de ovos de matrizes pesadas até a redução no peso de abate dos frangos de corte gerando perdas econômicas irreparáveis em toda cadeia.
Deste modo, está cada vez mais clara a necessidade de uso em matéria prima ou ração de antifúngicos para tentar evitar contaminação de fungos indesejáveis e, em rações, adsorventes de micotoxinas para evitar a contaminação e desencadeamento de problemas metabólicos nos animais, que vão ter consequências em índices produtivos e por fim danos financeiros na atividade.
Literatura consultada:
Sobrane Filho, S. T. Adsorvente de micotoxinas em dietas de frangos de corte contendo aflatoxina e fumonisina. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, 2014, 58 f.
Sobre a VLN Feed: A VLN Feed é a divisão de nutrição e saúde animal da Vet Line, empresa com 16 anos de atuação do mercado pet. A Unidade de Negócio traz uma linha exclusiva com Blends desenvolvidos para contribuir na performance zootécnica, saúde animal e rentabilidade dos produtores rurais.